Prezados alunos, estamos finalizando as atualizações do novo site Biologia no Cotidiano.
Boa quarta!
LINK PARA DOWNLOAD - http://www.4shared.com/file/62474867/60f4f017/Mdulo_-_Gentica.html
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Um aumento na ingestão de calorias e de proteínas pode corrigir o kwashiorkor , desde que o tratamento não tenha começado muito tarde. No entanto, o potencial total de crescimento e altura nunca será atingido. O kwashiorkor grave pode levar a criança a uma debilidade mental e física permanente. Há segura evidência estatística indicando que a desnutrição nos primeiros anos de vida diminui de forma permanente o QI (quociente de inteligência). Os fatores de risco incluem a vida em países pobres, países com conflitos políticos e países afetados freqüentemente por desastres naturais, como a seca. Essas condições são direta ou indiretamente responsáveis pela escassez de alimentos, que conduz à desnutrição.
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Prezados alunos
Amanhã, 22 de julho, daremos continuidade às aulas do Projeto Biologia no Cotidiano. Como combinado, a aula ocorrerá no horário das 17:30 às 19:00 horas, na mesma sala.
Quem não garantiu a vaga, cheguem um pouco mais cedo para efetuarem o pagamento dos R$ 3,00 equivalentes ao material didático, que será entregue na quarta-feira, dia 23.
Atenciosamente,
Prof. Anchieta Silva.
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Expectativa de respostas das questões sobre Método Científico
1) a) A provável hipótese testada era a de que alguns aminoácidos eram essenciais à sobrevivência das larvas; b) O controle experimental foi representado pelo grupo de larvas alimentado com dieta completa. A importância desse grupo é que ele permite verificar se possíveis alterações na taxa de sobrevivência das larvas devem-se realmente à falta de certos aminoácidos em sua dieta; c) A variável testada nos grupos experimentais foi a ausência de determinado aminoácido na dieta das larvas; d) As conclusões são: 1. Nem todos os aminoácidos são fundamentais à sobrevivência; 2. Alguns aminoácidos são essenciais, isto é, sem eles a sobrevivência não é possível ou é drasticamente reduzida.
2) O alto consumo de gorduras observado no gráfico (40%) é de gorduras insaturadas (mono-insaturadas e poli-insaturadas), que diminuem a quantidade de LDL e triglicerídeos circulantes, contribuindo, assim, para a baixa incidência de doenças cardíacas, como a aterosclerose e o infarto do miocárdio. O fato observado no Japão e no leste da Finlândia em relação ao consumo de gorduras e a incidência de doenças cardíacas é que a maioria das gorduras da alimentação são saturadas, contribuindo para o aumento dos níveis de LDL e triglicerídeos circulantes no sangue e, conseqüentemente, da incidência de doenças cardíacas.
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1) Em 1971, dois cientistas realizaram o seguinte experimento: alimentaram larvas de uma espécie de mosca com dietas que diferiam quanto à presença de aminoácidos. Um grupo de larvas foi alimentado com uma dieta completa, com todos os 20 tipos de aminoácidos, além de água, sais minerais, carboidratos e vitaminas. Cinco outros grupos de larvas, semelhantes ao primeiro, foram alimentados com dietas nas quais faltava somente um dos aminoácidos. Os resultados obtidos pelos cientistas estão representados no gráfico abaixo:
2) Analise o gráfico abaixo, que representa a relação entre o consumo de gorduras e a incidência de doenças cardíacas:
Elabore uma hipótese plausível que explique o alto consumo de gorduras na ilha de Creta e a baixa incidência de doenças coronarianas em homens. Confronte a sua hipótese com os dados do gráfico referentes ao Japão e ao leste da Finlândia.
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Aula inaugural - Método Científico: a maneira divertida de se estudar Biologia
Sabemos que a ciência, nos dias atuais, é tida em alta conta: vem revestida de autoridade, credibilidade e respeito, não apenas no meio acadêmico, mas também na mídia e no mundo do trabalho. Uma das razões para isso é a popularização do termo método científico, que leva, se e quando utilizado, a resultados confiáveis. No entanto, é necessário começarmos o estudo da Biologia pela compreensão do significado desse termo.A Biologia, como toda ciência, busca respostas e interpretações para o que ocorre na natureza, ou seja, os fatos. A própria palavra ciência deriva do latim e significa conhecer, saber. Essa busca do saber, do conhecer, entretanto, tem de ser feita com critério, e esse critério é o método científico.Os cientistas são pessoas que fazem ciência e, como regra, têm grande capacidade de observação e grande desejo de saber o porquê das coisas. São, assim, grandes curiosos da natureza. Observar é fundamental para se fazer ciência. Eles começam suas investigações observando criticamente os fatos e fazendo perguntas sobre eles, buscando entendê-los. Depois de feita a pergunta, os cientistas procuram formular possíveis respostas: as hipóteses. Uma hipótese científica é formulada a partir de conhecimentos gerais disponíveis sobre o assunto. Formulada a hipótese, esta é testada a partir de experimentos controlados. Se a experiência confirmar a hipótese, esta é verdadeira. Caso contrário ela é refutada e criam-se outras hipóteses, passíveis de experimentação.Em Biologia, assim como em outras áreas do conhecimento, uma hipótese para ter “força” tem de ser, obrigatoriamente, testada a partir de experimentos controlados, onde se utiliza um grupo experimental (grupo teste), aquele em que se promove uma alteração a ser testada, deixando todas as demais condições sem alteração, e um grupo controle, submetido às condições sem nenhuma alteração e que servirá de parâmetro para a análise dos resultados.Trabalhos científicos devem ser escritos descrevendo fielmente procedimentos adotados e resultados obtidos, e apresentando discussões e conclusões fundamentadas.Esses trabalhos devem ser publicados, propiciando ampla discussão na comunidade científica. Outros cientistas podem repetir os experimentos e verificar as hipóteses ou então, a partir das conclusões apresentadas, formular e testar outras hipóteses.Se uma hipótese for confirmada a partir da evidência dos fatos, ela pode se tornar uma teoria, mas nunca uma verdade absoluta. Uma teoria pode ser mudada diante de novas descobertas. Uma teoria é um conjunto de conhecimentos mais amplos, que busca explicar fenômenos abrangentes da natureza, como é o caso da Teoria da Evolução criada por Charles Darwin.É muito comum em ciência se falar em lei, que é a descrição da regularidade com que ocorrem as manifestações de uma classe de fenômenos. Um bom exemplo disso são as Leis de Mendel, formuladas a partir dos resultados provenientes da repetição de experimentos com ervilhas da espécie Pisum sativum.Todo cientista, quando assume uma pesquisa, adota uma postura e segue uma conduta que caracteriza o método científico. Einstein comparou, certa vez, a conduta do cientista com a forma de proceder de um detetive. De fato, o cientista sempre segue os mesmos trâmites‚ que representam as etapas do método científico.De uma forma geral, o método científico divide-se em várias etapas, facilitando o trabalho do pesquisador. São elas:
Há três formas de se fazer ciência: métodos dedutivo, indutivo e hipotético-dedutivo.Nas pesquisas científicas é comum se descobrirem “coisas” que não estavam ou não eram previstas nos resultados experimentais. A esses resultados ao acaso, dá-se o nome de Serendipty.
Homeostase da glicose: noções gerais
a) Glicogênese: transformação de glicose em glicogênio. Ocorre no fígado e nos músculos sob ação do hormônio insulina.
b) Glicogenólise: transformação de glicogênio em glicose. Ocorre no fígado sob ação de dois hormônios: glucagon (no jejum) e adrenalina (situações de estresse).
c) Neoglicogênese: formação de glicose a partir de substratos não-glicídicos, tais como lactato, piruvato, glicerol e o aminoácido alanina. Ocorre principalmente no fígado e em pequena quantidade nos rins, sob ação do hormônio cortisol e seus derivados.
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A fitorremediação, técnica que utiliza espécies vegetais para a recuperação de solos degradados por metais pesados ou pela poluição, tem alcançado resultados promissores no Brasil. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) começam a empregar o método – desenvolvido na Europa e nos Estados Unidos – em áreas contaminadas por resíduos industriais na cidade de Sorocaba (SP) e já observam uma recuperação gradual de sua capacidade de cultivo.
A pesquisa, desenvolvida pelo biólogo Fábio Moreno e pelo geólogo Joel Sígolo, do Instituto de Geociências da USP, tem como objetivo aplicar na cidade paulista a fitoestabilização, técnica de fitorremediação específica para tratar áreas contaminadas por metais pesados. “Não pretendemos remover o cromo e o níquel, os metais tóxicos presentes no solo da área pesquisada em Sorocaba, mas torná-los inertes no ambiente”, explica Moreno.
Para isso, os pesquisadores investigam as propriedades de duas plantas, a mostarda (Brassica sp.) e o girassol (Helianthus annuss). “Essas espécies foram escolhidas por serem modelos usados com freqüência em estudos de fitorremediação, pois produzem biomassa abundante e acumulam metais de forma mais acentuada do que outras”, justifica Moreno.
Capacidade de cultivo aumentada
Antes de plantar a mostarda e o girassol, os pesquisadores optaram por tratar uma parte da área estudada com turfa, um material de origem vegetal parcialmente decomposto, capaz de reduzir a toxicidade dos poluentes. “No solo tratado com turfa, a produção de biomassa vegetal (mostarda e girassol) foi até cinco vezes superior à obtida na área que não recebeu o material”, conta o biólogo. Esse aumento na capacidade de cultivo favorece a ação das plantas na recuperação do solo.
O pesquisador explica que essas plantas reduzem os processos erosivos e a dispersão de metais pelo vento ou pela água da chuva que penetra no solo. Além disso, o mecanismo usado pelos vegetais para absorver água através das raízes e liberá-la pela transpiração faz com que os metais fiquem retidos na rizosfera (região do solo influenciada pelas raízes), o que diminui o fluxo dessas partículas em direção ao substrato rochoso e aos lençóis freáticos. Como esses metais ficam retidos na rizosfera e não são transferidos para os tecidos comestíveis do vegetal, eles não entram na cadeia alimentar. “O solo poluído finalmente estará fitoestabilizado quando cessar o escape desses elementos para fora de suas fronteiras, seja pela sua dispersão na terra, na água ou no ar ou pela cadeia alimentar”, esclarece Moreno.
Nas próximas fases da pesquisa, a equipe busca comprovar se o cromo e o níquel foram de fato estabilizados na área. Os pesquisadores também pretendem fazer um levantamento dos vegetais encontrados em outras áreas com alta concentração de metais no solo, para elaborar um banco genético e um catálogo de espécies com potencial fitorremediador. “Futuramente, essas plantas poderão ser usadas na descontaminação e recuperação de solos de outras regiões do Brasil”, avalia.
Opção adequada para o Brasil
Para o pesquisador, a técnica pode ser uma solução economicamente viável para recuperar extensas áreas de terras contaminadas que se encontram abandonadas ou subutilizadas no Brasil, como as de mineração artesanal do ouro no Norte e Centro-oeste. Ele ressalta que, devido à sua diversidade florística, o país pode ter várias espécies nativas com potencial fitorremediador ainda desconhecido.
A fitorremediação também pode ser empregada para intensificar a ação de microrganismos na degradação de compostos orgânicos poluentes. Nesse caso, são usadas plantas com raízes densas e profundas (como as gramíneas), que produzem e liberam ao mesmo tempo grande quantidade de nutrientes. Essas espécies apresentam uma rizosfera com alta capacidade de colonização por microrganismos – os maiores responsáveis pela degradação dos compostos orgânicos, que são transformados em compostos menos tóxicos ou até em gás carbônico e água.
Moreno ressalta que a fitorremediação é uma técnica muito vantajosa. “Além de apresentar custo reduzido em comparação a outros métodos (como a escavação e a remoção do solo), possibilita a comercialização da madeira produzida na área recuperada, sua transformação em biocombustível e a geração de créditos de carbono”, diz o biólogo. “Assim, é possível promover a preservação ambiental aliada ao desenvolvimento social, energético e econômico”, avalia.
Texto extraído de: Revista Ciência Hoje on-line [acesso em 19 de junho de 2008].
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O papel da evolução na luta da espécie humana contra as doenças
A evolução é um processo contínuo e incessante que afeta todos os organismos vivos. Mutações no material genético acumulam-se ao longo de gerações e levam a modificações na morfologia, na fisiologia e no comportamento dos organismos.
A ocorrência desse processo só começou a ser compreendida pela ciência e aceita pela sociedade na segunda metade do século 19. A sugestão de que nossa espécie compartilhou ancestrais comuns relativamente recentes com os símios, por exemplo, causou um enorme alvoroço quando foi lançada por Charles Darwin (1809-1882) e, de certa forma, obscureceu e tirou do foco das discussões sua brilhante teoria evolutiva.
Muitos contemporâneos de Darwin não admitiam a existência de um parentesco dos humanos com os chimpanzés – uma espécie desprovida da linguagem articulada e do pensamento abstrato, apesar da semelhança física com o Homo sapiens. Hoje, porém, a genética mostrou que homens e chimpanzés compartilham mais de 99% de seu genoma.
Outro problema relacionado com a aceitação da evolução é que muitos têm bastante dificuldade para entender que esse é um processo constante, que está em ação neste exato momento, sobre os humanos e demais seres vivos. Muitos ainda vêem o processo evolutivo como responsável pela existência de imensas criaturas extintas como os dinossauros, mas se esquecem que, para realizar tal proeza, foram necessários milhões de anos.
Por esse motivo, temos dificuldades em entender que o Homo sapiens não é uma espécie acabada e tampouco o ponto final da cadeia evolutiva, mas está em constante evolução. Para que isso ocorra, é necessária a presença de variações genéticas e a ocorrência de um processo de seleção que, ao agir sobre indivíduos com patrimônio genético diferente, afeta sua capacidade de propagar seus genes para as gerações futuras, um processo conhecido entre os geneticistas como fitness ou aptidão.
Diversidade genética
A espécie humana é riquíssima em variação genética, e as diferenças na aparência das pessoas são apenas parte dessa variabilidade. Acredita-se que existam cerca de 10 milhões de pares de base do código genético que diferem entre humanos. Além disso, uma nova dose de variabilidade é adicionada a cada geração na forma de mutações.
Toda essa variabilidade constitui um imenso campo de ação para a seleção natural. Algumas versões de genes (alelos) têm um impacto negativo sobre a aptidão dos indivíduos e fazem com que seus portadores tenham uma prole menos numerosa nas gerações seguintes. Outras, porém, têm um impacto positivo e tornam seus portadores proporcionalmente mais bem representados nas gerações futuras. Em muitos casos, esses alelos se transformam virtualmente na única forma gênica presente em uma dada população (um processo conhecido como fixação).
Por que, então, as mutações ruins não são totalmente eliminadas enquanto aquelas que proporcionam vantagens são fixadas? Uma das razões é que a aptidão se modifica à medida que ocorrem mudanças no ambiente. Assim, a “melhor” versão de um gene atual pode ser diferente da que existia há 100 mil anos ou da que existirá daqui a 50 anos. O alelo que representa maior vantagem para a aptidão de um indivíduo também pode variar de um local para outro.
Além disso, é importante lembrar que a manutenção de alguns poucos indivíduos que apresentem alelos diferentes dos da maioria de uma população é essencial para a preservação da mesma durante um longo período temporal, fazendo frente às mudanças ambientais e, conseqüentemente, a novos fatores de seleção natural.
Um exemplo interessante da evolução humana recente é a tolerância de adultos à lactose. Originalmente, os seres humanos, como muitos outros mamíferos, eram alimentados com leite apenas no início da vida e, na fase adulta, eram intolerantes à lactose. Contudo, em populações que tinham produtos lácteos à disposição e o hábito de consumir leite diariamente, foram selecionados alelos que expressavam durante toda a vida dos indivíduos enzimas que digerem lactose. O mesmo não ocorreu em grupos que não tinham acesso a esses alimentos.
O ganho calórico e nutricional proporcionado por esses produtos gerou vantagens para as populações que os consumiam diariamente. Análises genéticas dessa enzima indicaram que os alelos relacionados com a tolerância à lactose na idade adulta evoluíram recentemente em descendentes das primeiras populações que consumiam diariamente leite e derivados.
O seqüenciamento do genoma humano e a criação de um catálogo detalhado da diversidade de nossa espécie, conhecido como HapMap, têm gerado ferramentas poderosas para que possamos compreender os mecanismos associados com a seleção natural sobre alelos de nossa espécie. Essas e outras ferramentas biotecnológicas têm permitido detectar a ocorrência de seleção positiva em humanos em genes relacionados com a fala, com funções cerebrais, com a cor da pele e a resistência a doenças.
Embora seja difícil prever o ambiente no qual nossa espécie viverá no futuro, doenças causadas por patógenos permanecerão um fator importante para a nossa espécie em um futuro próximo, principalmente em países pobres.
Algumas populações européias e do norte da Ásia apresentam um alelo raro que confere resistência contra o vírus HIV, causador da Aids. Os efeitos desse alelo ainda não se fazem notar, pois ele não está presente em populações que sofrem taxas elevadas de infecção por esse vírus (principalmente na África). Se a epidemia de HIV/Aids se tornar mais severa nessas populações ou se surgirem novas mutações nas populações sob epidemia, uma resistência à doença pode se desenvolver no futuro.
É claro que esse processo não ocorrerá de forma rápida e milhões de indivíduos morrerão antes que possamos combater de forma natural essa doença. Além do mais, o vírus pode também desenvolver mecanismos para evitar que isso ocorra.
O caso da malária
A cada ano, cerca de 500 milhões de pessoas são infectadas por protozoários do gênero Plasmodium, causadores da malária. Em algumas populações historicamente afetadas pela doença, a seleção de pelo menos seis genes levou à evolução de resistência a essa enfermidade.
Outras doenças têm seguido um caminho similar. Um bom exemplo é o da malária, contra a qual a humanidade tem lutado há milênios – a cada ano, cerca de 500 milhões de pessoas são infectadas por protozoários do gênero Plasmodium, causadores da doença. Esse processo levou à evolução, em algumas populações historicamente afetadas pela malária, de resistência à doença, por meio da seleção de pelo menos seis genes.
Estaríamos, então, interferindo nesse processo natural ao criarmos vacinas e tratamentos contra essas doenças? De certa forma, sim, pois modificamos o regime de seleção ao qual nossa espécie está exposta. Do ponto de vista da seleção natural, os efeitos de uma doença sobre nossa aptidão deixam de atuar quando tratamos dessa patologia.
Contudo, nem sempre o tratamento elimina a doença e nem todas as pessoas são tratadas. Voltemos ao exemplo da malária: essa doença foi erradicada do sul dos Estados Unidos e em Cingapura, mas em lugares como o Brasil, os programas de erradicação não têm alcançado sucesso.
A seleção natural mantém os alelos que causam doenças genéticas em baixa freqüência nas populações. Contudo, novos alelos relacionados com essas patologias são criados em populações humanas por meio de novas mutações com a mesma velocidade em que são eliminados de outras pela seleção natural. Essa freqüência é determinada parcialmente pelas vantagens ou desvantagens que esses alelos conferem a seus portadores. Será que, ao tratarmos de pessoas com doenças genéticas, estaríamos, portanto, auxiliando a conservar esses alelos nas populações humanas?
É importante se estabelecer que qualquer mudança na freqüência gênica devido a esses tratamentos somente ocorrerá após várias gerações, um período suficiente para que novos estudos genéticos sejam conduzidos e novas alternativas sejam desenvolvidas. Além disso, esses tratamentos não se distribuem de forma igualitária a toda a população humana, excluindo muitos indivíduos que não têm acesso a eles.
Com sua capacidade de moldar dia após dia as espécies vivas às exigências ambientais, a evolução é a força motriz da vida no planeta. Cento e cinqüenta anos após a formulação da teoria da evolução por seleção natural por Charles Darwin e Alfred Wallace, sucessivas evidências tornaram esse processo algo inquestionável nos dias de hoje. O paradoxal é que, apesar disso, um número cada vez maior de pessoas mal informadas levanta dúvidas sobre a sua ocorrência. Nem parece que estamos no século 21...
Texto extraído da Revista Ciência Hoje, uma publicação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), edição de maio de 2008.
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Dengue: mais do mesmo!
Apesar da epidemia de dengue que se dissemina em várias partes do país e da necessidade absoluta de eliminar os focos de criação do mosquito transmissor, não há razão para pânico. Embora muito desagradável, o curso da doença é autolimitado na quase totalidade dos casos. A dengue é causada por um arbovírus da família Flaviridae, transmitido de uma pessoa à outra através de um hospedeiro intermediário, o mosquito Aedes aegypti. Quando o mosquito pica uma pessoa infectada, o vírus se instala e se multiplica em suas glândulas salivares e intestino. A partir de então, o inseto permanece infectado pelo resto da vida (vive ao redor de 30 dias). Existem quatro tipos diferentes de vírus da dengue: sorotipos 1, 2, 3 e 4. Aedes aegypti é um mosquito peridoméstico, que se multiplica em depósitos de água parada, acumulada nos quintais e dentro das casas. Apesar da vida curta, o Aedes sp é voraz: pode picar uma pessoa a cada 20 ou 30 minutos. O mecanismo de sobrevivência do vírus, nos períodos entre uma epidemia e outra, é mal conhecido. Na Malásia e nos países do oeste da África, foram encontrados macacos infectados, verdadeiros reservatórios naturais da doença. A transmissão vertical, isto é, do mosquito-mãe para os filhos, também foi documentada. Os ovos do mosquito podem sobreviver um ano em ambiente seco, enquanto esperam a estação seguinte de chuvas para formar novas larvas. A grande maioria das infecções é assintomática. Calcula-se que em cada dez pessoas infectadas apenas uma ou duas fiquem doentes. Portanto, na hipótese de uma epidemia com 100 mil casos de dengue diagnosticados, existirão cerca de 1 milhão de infectados. Quando surgem, os sintomas costumam evoluir em obediência a três formas clínicas: dengue clássica, forma benigna, similar à gripe; dengue hemorrágica, mais grave, caracterizada por alterações da coagulação sanguínea; e a chamada síndrome do choque associado à dengue, forma raríssima, mas que pode levar à morte se não houver atendimento especializado. O período de incubação (da picada ao aparecimento dos sintomas) geralmente dura de 2 a 7 dias, mas pode chegar a 15 dias. A intensidade dos sintomas geralmente é mais leve nas crianças do que nos adultos. A doença é de instalação abrupta, indistinguível dos quadros gripais: febre intermitente de intensidade variável (que pode chegar a 39 graus e provocar calafrios), cefaléia, dores na região atrás dos olhos, nas costas, pernas e articulações. Muitos pacientes se queixam de dor ao movimentar os olhos, cansaço extremo e fraqueza muscular generalizada. Insônia, náuseas, perda de apetite, perversão do paladar e da sensibilidade da pele são freqüentes. Faringite e inflamação da mucosa nasal ocorrem em 25% dos casos.
Sintomas
Eritema (vermelhão da pele) pode surgir no primeiro ou segundo dia: a vermelhidão se instala no tronco e se espalha para os membros, poupando palmas das mãos e planta dos pés. Bradicardia (diminuição da freqüência dos batimentos do coração) é encontrada em 30 a 90% dos casos. A doença costuma ser bifásica: dois ou três dias depois de surgirem, os sintomas regridem e a febre cai. Outros dois ou três dias se passam e a sintomatologia retorna, geralmente menos intensa. O eritema fica mais nítido e surgem ínguas no pescoço, fossa supraclavicular e regiões inguinais. Em poucos dias, o eritema regride novamente e a pele chega a descamar. A apresentação bifásica pode não ser nítida, nem é obrigatória. As duas fases, juntas, duram de 5 a 7 dias, tipicamente, mas a doença pode deixar um rastro de fadiga e depressão que permanece por diversas semanas. Na forma hemorrágica, os sintomas são semelhantes, mas a doença é muito mais grave, por causa das alterações da coagulação sanguínea. Pequenos vasos podem sangrar na pele e nos órgãos internos, surgindo hemorragias nasais, gengivais, urinárias, gastrointestinais ou uterinas. Como o leito dos capilares se dilata, a pressão arterial pode baixar, dando origem à tontura, queda, choque e, em raríssimos casos, à morte. A fisiopatologia da dengue hemorrágica é mal conhecida. Uma das teorias parte do princípio de que ela esteja associada à infecção por cepas (linhagens) mais agressivas do vírus. A segunda pressupõe que já tenha havido uma primeira infecção inaparente pelo vírus, seguida de outra que provocaria reações imunológicas capazes de interferir com elementos essenciais do mecanismo de coagulação. O diagnóstico de certeza da dengue é laboratorial. Pode ser obtido por isolamento direto do vírus no sangue nos 3 a 5 dias iniciais da doença (fase de viremia) ou por exames de sangue para detectar anticorpos contra o vírus (testes sorológicos).
Recomendações
Não existem medicamentos antivirais para combater a dengue. O tratamento é apenas sintomático. Tomar muito líquido, para evitar desidratação, e utilizar antipiréticos e analgésicos, para aliviar os sintomas, são as medidas de rotina. Por interferir com a coagulação, medicamentos que contenham ácido acetilsalicílico (AAS, Aspirina, Buferin, Melhoral, Doril, etc.) estão formalmente contra indicados. Medicamentos à base de dipirona constituem boa opção para baixar a temperatura. A dengue é doença de curso benigno, mas nos casos da forma hemorrágica é fundamental procurar assistência médica.
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Na mira do Aedes aegypti
Rajado de branco e preto, ele é o mesmo mosquito que transmite a febre amarela. A maneira mais eficiente de controlá-lo é eliminar seus criadouros, os famosos depósitos de águas paradas. Essas características do Aedes aegypti, transmissor da dengue, são conhecidas por boa parte da população brasileira.
Preocupada, no entanto, com a possibilidade de tais informações não estarem sendo assimiladas corretamente por moradores de cidades como o Rio de Janeiro, que atualmente enfrenta uma epidemia de dengue por conta, em parte, da não aplicação correta de medidas preventivas, a professora Hermione de Campos Bicudo, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), resolveu fazer sua parte.
Ela acaba de lançar o projeto Ação Comunitária para o Controle do Aedes aegypti, que tem como ferramenta principal uma página na internet, dentro do site do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), em São José do Rio Preto (SP), onde Hermione leciona no Programa de Pós-Graduação em Genética.
Na página encontram-se, além de informações e curiosidades sobre o mosquito, métodos preventivos de baixo custo, como o uso da borra de café ou o sal fino de cozinha, duas alternativas para criadouros em potencial que não podem ser completamente eliminados.
“A idéia é contribuir para a formação de agentes multiplicadores, de todos os setores da sociedade, interessados em se engajar na tarefa de difundir por que e como devemos combater o Aedes aegypti. Damos foco na prevenção, pois, na fase adulta, o mosquito tem características biológicas que tornam seu combate muito mais difícil”, disse Hermione, que há 20 anos desenvolve pesquisas com o mosquito, à Agência FAPESP.
O site do projeto contém um abrangente texto didático, escrito com base em resultados de estudos feitos no instituto, com explicações sobre a biologia do mosquito, suas principais características, como ocorre a transmissão do vírus e as formas de desenvolvimento do inseto, processo que dura, em média, sete dias e abrange quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto. Também descreve particularidades dos criadouros e estratégias para combatê-los.
Recurso visual
Uma apresentação em Power Point, que pode ser baixada por qualquer interessado, com diversas imagens e um resumo das informações do projeto, também está no site. O material ajuda a repassar os conceitos a outros interessados.
O site destaca que o Aedes aegypti, que tem uma vida útil de cerca de 40 dias, tem características que lhe conferem grandes vantagens para sobrevivência. Sabe-se que as fêmeas do mosquito botam os ovos em águas paradas, mas o grande problema, segundo a professora da Unesp, é que os ovos podem se desenvolver mesmo em pequenos recipientes, como uma tampinha de garrafa.
“Mesmo que a água da tampinha seque, os ovos podem permanecer vivos por até um ano. Se a tampinha voltar a encher, podem ser desenvolvidos naquele pequeno espaço até 300 ovos de uma mesma fêmea. Além do mosquito se esconder no meio de uma grande variedade de espécies de plantas, uma tampinha também é um criadouro em potencial. O ovo do mosquito tem o tamanho de um ponto feito por uma lapiseira em um papel”, explicou.
Diferente da febre amarela, que já conta com uma vacina para seu controle, para a dengue – inclusive para sua forma mais severa, a hemorrágica – ainda não há vacina e nem tratamento específico, o que faz com que o índice de mortalidade seja elevado. Em 2007, cerca de 500 mil pessoas tiveram a doença no Brasil e pelo menos 250 morreram de dengue hemorrágica.
“Este ano, no Rio de Janeiro, já foram registrados mais de 50 mortes ocasionadas pela doença, sendo a maioria de crianças. Calcula-se que sejam infectadas 75 pessoas por hora naquele Estado, o que fez com que o governo decretasse uma epidemia. Até o fim do ano passado, a doença não tinha chegado ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Mas, hoje, está presente em todos os Estados brasileiros”, disse.
Mais informações:
Postado por [...] às 17:31 0 comentários
Dengue: a epidemia!
Nós últimos dias, os habitantes da Cidade do Rio de Janeito estão preocupados com o aumento no número de casos de dengue.
A dengue é uma doença tropical causada por um vírus da família Flaviridae e transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Os mosquitos depositam os seus ovos em águas paradas e têm hábitos diurnos.
A melhor forma de combate ao mosquito transmissor da doença é evitar o acúmulo de água em recipientes como garrafas, baldes, bacias, tambores de lixo, caixas d'água, entre outros.
O tratamento da doença é feito à base de muita hidratação e administração de medicamentos para diminuir os sintomas típicos dessa enfermidade, como febre, calafrios, dores no corpo, dores de cabeça, náuseas, etc.
Mas lembrem-se: a dengue tem sintomas parecidos com os de uma gripe; portanto, consultem o médico antes de tomar qualquer atitude, evitando, entre outros fatores, a automedicação!
Durante toda essa semana, o blog Biologia no Cotidiano trará matérias especiais a respeito da doença e, no domingo, uma bateria de questões sobre esse assunto tão comentado na mídia nos últimos dias!
Assista ao vídeo educativo sobre as medidas de combate ao mosquito transmissor da dengue, clicando no link abaixo:
Postado por [...] às 17:52 0 comentários
Introdução ao estudo do metabolismo
Para sobreviver, os seres humanos devem preencher dois requisitos metabólicos: ser capazes de sintetizar tudo que não é suprido pela dieta e de proteger o meio interno de toxinas e de condições variáveis no meio externo. Para preencher esses requisitos, os componentes dietéticos são metabolizados por meio de quatro tipos básicos de rotas: rotas oxidativas de substratos energéticos, rotas de armazenamento e mobilização de substratos energéticos, rotas biossintéticas e rotas de detoxicação e excreção de resíduos. Cooperação entre tecidos e respostas a alterações no meio externo são comunicadas através de rotas de transporte e rotas de sinalização intracelular.
Os alimentos da dieta são os substratos que fornecem energia na forma de calorias. Essa energia é utilizada para a realização de diversas funções, como movimento, pensamento e reprodução. Assim, algumas rotas metabólicas são rotas de oxidação de substratos energéticos, que convertem substratos energéticos em energia que pode ser utilizada para trabalho biossintético ou mecânico. Todavia, qual é a fonte de energia quando não estamos nos alimentando – entre as refeições e quando dormimos? Como alguém em greve de fome, que aparece nas manchetes dos jornais, sobrevive por tanto tempo? Existem outras rotas metabólicas que são rotas de armazenamento de substratos energéticos. Os substratos energéticos que são armazenados podem ser mobilizados durante períodos nos quais não estamos nos alimentando ou quando é necessário um aumento de energia para exercício.
Nossa dieta também contém os compostos que não podem ser sintetizados pelo corpo, bem como todos os blocos básicos de montagem para componentes que são sintetizados nas rotas biossintéticas. Por exemplo, há necessidades dietéticas de alguns aminoácidos, mas outros aminoácidos podem ser sintetizados a partir dos substratos energéticos e de um precursor de nitrogênio da dieta. Os compostos necessários na dieta para as rotas biossintéticas incluem certos aminoácidos, vitaminas e ácidos graxos essenciais.
Rotas de detoxicação e excreção de resíduos são rotas metabólicas dedicadas à remoção de toxinas que podem estar presentes na dieta ou no ar que respiramos, introduzidas no corpo como fármacos ou geradas internamente a partir do metabolismo de componentes da dieta. Os componentes da dieta que não têm valor para o corpo e devem ser descartados são chamados de xenobióticos.
Em geral, as rotas biossintéticas (incluindo armazenamento de substratos energéticos) são referidas como rotas anabólicas, isto é, rotas que sintetizam grandes moléculas a partir de componentes menores. A síntese de proteínas é um exemplo de uma rota anabólica. Rotas catabólicas são aquelas que quebram moléculas maiores em componentes menores. Rotas de oxidação de substratos energéticos são exemplos de rotas catabólicas.
Nos humanos, a necessidade de diferentes células realizarem diferentes funções resultou na especialização dos metabolismos celular e tecidual. Por exemplo, o tecido adiposo é um sítio especializado no armazenamento de gordura e contém as rotas metabólicas que lhe permitem realizar essa função. Contudo, ele não possui muitas das rotas que sintetizam compostos necessários a partir dos precursores da dieta. Para permitir que as células cooperem na obtenção de necessidades metabólicas durante condições variáveis de dieta, sono, atividade e saúde, são necessárias rotas de transporte no sangue entre tecidos e rotas de sinalização intracelular. Um meio de comunicação são os hormônios, os quais levam sinais sobre o estado dietético aos tecidos. Por exemplo, uma mensagem de que uma refeição acabou de ser feita, levada pelo hormônio insulina, sinaliza ao tecido adiposo para ele armazenar gordura.
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Você sabe o que é Diabulimia?
Diabulimia é um termo novo. “A definição foi criada em 2005 e caracteriza adolescentes ou adultos que objetivam controlar ou perder peso manipulando a dose de insulina. Este transtorno presente no paciente com diabetes é estudado desde a década de 80”, informa a Dra. Cláudia Pieper.
A diabulimia é uma desordem alimentar específica que afeta principalmente as pessoas com diabetes tipo 1. A manipulação da dose de insulina é um dos meios usados para perder peso. Quando as injeções de insulina são suspensas, o nível de açúcar no sangue fica elevado e as conseqüências são: boca seca, perda de peso, aumento do desejo de urinar e, como conseqüência mais grave, o quadro de cetoacidose diabética.
Isto pode ocorrer porque quem tem diabetes tipo 1 necessita de injeções contínuas de insulina. Sem ela no sangue, o corpo não pode utilizar os alimentos como fonte de energia e a maior parte das colorias ingeridas se perdem. Na falta da energia necessária, o organismo acaba utilizando suas reservas de gordura para produzi-la.
Além disso, a Dra. Cláudia Pieper, consultora do site da SBD, adverte que em adolescentes com diabulimia podem ocorrer também complicações crônicas mais precocemente, como, por exemplo, a retinopatia diabética, já que a hemoglobina glicada não consegue se manter dentro da meta.
A linha entre anorexia, bulimia e transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP) é muito tênue. Quem tem bulimia pode ter fases de anorexia. Pode ainda ser acometida por um desses transtornos antes mesmo de saber que tem diabetes. Como no caso de Ester, mãe de uma adolescente de 12 anos, que contou que, antes de ter diabetes, tinha bulimia. Ela convive com isso há 20 anos.
- Tomei consciência de que era uma pessoa doente há cerca de 3 anos. Percebi que, quando me olhava no espelho, via uma pessoa enorme de gorda, mesmo usando calça tamanho 34. Percebi que não poderia parar com a bulimia a hora que eu quisesse. Sim, porque eu estava como um viciado em drogas: comecei por "brincadeira", achando que poderia parar quando quisesse, mas me deparei com a triste realidade de que não era bem assim, relatou.
Já N., 20 anos, disse que tem fases: “Às vezes consigo parar de comer, quase completamente. Aí consumo, no máximo, 200 calorias por dia. Mas há períodos em que como muito. As 'fases' duram meses. Quando estou comendo muito tomo diurético e laxante e, claro, nem me preocupo com a taxa de açúcar no sangue. O problema é que o diurético provoca hiperglicemia, além do lado bom, que é desinchar”.
O Ideal de Beleza e o Preço
Elas são jovens e querem ser magras e belas. Suas referências são modelos e atrizes como: Gisele Bündchen, Adriana Lima, Paris Hilton e Yasmin Brunet. Na busca de atingir um ideal de beleza e perder peso, meninas e meninos podem desenvolver, além da diabulimia, complicações como anorexia, bulimia - transtornos alimentares que afetam especialmente adolescentes, a maioria mulheres.
P., 19 anos, diz: “Eu tenho bulimia e já tive anorexia. É muito difícil falar sobre isso. Quando me perguntam sobre a doença, respondo superficialmente, sempre com muita vergonha. Não sei mais o que fazer. Já procurei um psiquiatra, tomo vários remédios, mas a vontade de vomitar, a angústia, a sensação de culpa e o complexo de inferioridade insistem em me castigar. Ninguém sabe o que passo. A única forma de descarregar as minhas angústias, os meus medos, os meus fracassos é vomitando ou deixando de comer. Assim consigo passar por tudo isso, ser forte e bem aceita na sociedade”.
Relatos como esse são comuns entre as quase 100 comunidades criadas no Orkut para discutir os transtornos alimentares. Depois de conhecer um pouco de cada uma e acompanhar os tópicos de discussão, foi possível localizar jovens que aceitassem falar para esta reportagem. Algumas entrevistadas pediram para não serem identificadas.
Muitas meninas deixam claro que têm vergonha de admitir terem um transtorno alimentar, que o diálogo com os pais é difícil e uma das vias que encontram para compartilhar suas experiências e anseios é a internet. Essas adolescentes estão à procura da mesma coisa: ajuda.
De onde vem a busca incessante por um ideal de beleza e pela perda de peso? Para a Dra. Cláudia Pieper, existem alguns fatores que podem influenciar, como a existência de um núcleo familiar problemático, onde um dos filhos passa a ser “a válvula de escape” deste relacionamento do grupo, apresentando um transtorno alimentar. É claro que isso só ocorre quando existem fatores psicológicos predisponentes para tal. Uma mãe com compulsão alimentar, por exemplo, pode vir a ter uma filha anoréxica. Outros fatores importantes são a influência da mídia e dos amigos.
Das Novelas à Vida Real
Cobras & Largartos e Páginas da Vida, novelas da Rede Globo, estão abordando a questão dos transtornos alimentares. Na primeira, a personagem Júlia (Luiza Mariani), que é chef de um bistrô, tem anorexia. Em Páginas da Vida, a Anna (Deborah Evelyn) é uma professora do Ensino Médio, bailarina frustrada e mãe de comportamento compulsivo. Ela obriga a filha Giselle,10 anos, a freqüentar aulas de balé, tem pavor que a menina engorde e a vigia permanentemente.
O predomínio da imagem ideal da mulher magérrima vem se estabelecendo desde a década de 70. Em outras épocas, a mulher podia ser “cheinha”, a exemplo das retratadas pelo pintor colombiano Fernando Botero (1932). Nos lugares onde a comida era escassa, ser gordo indicava prosperidade. Uma mulher gordinha era associada a uma família rica, que possuía comida em abundância.
Hoje, as adolescentes com diabetes tipo 1 sofrem dupla pressão: devem cuidar do que comem por causa da disfunção e, por outro lado, têm a cobrança social e cultural, exigindo que elas estejam mais magras do que seu corpo permite.
O conselho da Dra. Claudia é que os transtornos alimentares devem ser tratados por uma equipe multidisciplinar: psicólogo, nutricionista, endocrinologista e psiquiatra. Mas não basta isso; é importante que a família se trate e faça terapia junto com os filhos.
“É válido que as novelas abordem o tema. Se as informações forem dadas corretamente, poderão ajudar os pais a procurarem ajuda profissional. Em 2006, houve aumento do número de jovens com transtornos. Dados da literatura internacional revelam que 16% dos jovens com diabetes, com idade entre 13 e 21 anos, têm algum tipo de transtorno alimentar e, portanto, dificuldade para controlar as glicemias. Em vez da busca pela beleza, deveria haver a busca pela saúde”, acrescentou a endocrinologista.
Texto extraído e adaptado a partir do site da Sociedade Brasileira de Diabetes.
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Cientistas identificam gene "mafioso" que controla o câncer de mama
Não é sempre que um chefão da máfia ou do narcotráfico é preso ou leva uma bomba na cabeça. O mesmo acontece com genes ligados a doenças: nem sempre se consegue provar a sua culpa. Uma equipe de pesquisadores nos EUA identificou agora um gene capaz de controlar outros mil genes como se fosse um líder de gangue, e com isso promover o crescimento dos tumores de mama.
Mais grave ainda, o gene "mafioso", o SATB1, tem papel ativo na formação de outros focos de câncer no organismo – o processo chamado metástase, que é a causa de morte mais comum em pacientes da doença.
O estudo foi liderado pelos casal de pesquisadores Terumi Kohwi-Shigematsu e Yoshinori Kohwi, do Laboratório Lawrence Berkeley, da Universidade da Califórnia em Berkeley.
A descoberta pode servir tanto para criar diagnósticos mais precoces e precisos quanto para uma eventual terapia. "O SATB1 pode ser útil como alvo terapêutico na doença de mama com metástase", escrevem os autores em artigo na edição de hoje da revista "Nature".
Os cientistas também demonstraram em experimentos com camundongos que, depois de inativado o gene, também termina a proliferação alucinada das células tumorais.
O SATB1 e a proteína que ele codifica têm um papel normal num organismo sadio. Ele é uma espécie de "organizador" de outros genes, mas pode voltar esse talento para o "crime" e causar tumores agressivos que crescem e se espalham.
"Depois que o chefe do crime é retirado do contato com sua gangue – as células de mama tumorais –, essa comunidade retorna a ser uma comunidade sadia, não tendo mais a habilidade de se engajar em crime. Por isso é extremamente importante alvejar o SATB1", disse Kohwi-Shigematsu à Folha.
Segundo a pesquisadora, uma vez reprimido o gene, o câncer perde seu potencial de agressividade. "Mas é importante que o SATB1 seja mantido assim a longo prazo, para evitar que as células cancerosas voltem a se espalhar", afirmou.
O SATB1 é necessário quando células T do sistema imunológico (de defesa do organismo) são ativadas para produzir citocinas, substâncias que promovem a produção de anticorpos por outras células de defesa, as células B. Se o SATB1 for retirado de células T sadias, os pacientes sofrem problemas na sua reação imunológica.
"Só que nós descobrimos, inesperadamente, que ele se expressa em um subconjunto de células cancerosas e essas células ganham atividade de metástase. O SATB1 é, de fato, determinante para a metástase do câncer de mama", diz a cientista nascida no Japão.
Essa descoberta também modifica a maneira pela qual os cientistas compreendem a metástase, um processo de várias fases, desde a invasão das células tumorais em tecidos adjacentes até sua ida para a circulação e criação de um novo foco em outra parte do corpo.
Em geral, acreditava-se que as células metastáticas seriam raras e surgiriam em estágios finais da progressão do tumor a partir de mudanças genéticas. A novidade agora foi mostrar que há células em alguns tumores primários que já são predispostas à metástase e que a proteína SATB1 tem papel nisso.
RICARDO BONALUME NETO, da Folha de S.Paulo [13/03/2008, 08h35min]
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Biologia: uma ciência experimental
Sabemos que a ciência, nos dias atuais, é tida em alta conta: vem revestida de autoridade, credibilidade e respeito, não apenas no meio acadêmico, mas também na mídia e no mundo do trabalho. Uma das razões para isso é a popularização do termo método científico, que leva, se e quando utilizado, a resultados confiáveis. No entanto, é necessário começarmos o estudo da Biologia pela compreensão do significado desse termo.
A Biologia, como toda ciência, busca respostas e interpretações para o que ocorre na natureza, ou seja, os fatos. A própria palavra ciência deriva do latim e significa conhecer, saber. Essa busca do saber, do conhecer, entretanto, tem de ser feita com critério, e esse critério é o método científico.
Os cientistas são pessoas que fazem ciência e, como regra, têm grande capacidade de observação e grande desejo de saber o porquê das coisas. São, assim, grandes curiosos da natureza. Observar é fundamental para se fazer ciência. Eles começam suas investigações observando criticamente os fatos e fazendo perguntas sobre eles, buscando entendê-los. Depois de feita a pergunta, os cientistas procuram formular possíveis respostas: as hipóteses. Uma hipótese científica é formulada a partir de conhecimentos gerais disponíveis sobre o assunto. Formulada a hipótese, esta é testada a partir de experimentos controlados. Se a experiência confirmar a hipótese, esta é verdadeira. Caso contrário ela é refutada e criam-se outras hipóteses, passíveis de experimentação.
Em Biologia, assim como em outras áreas do conhecimento, uma hipótese para ter “força” tem de ser, obrigatoriamente, testada a partir de experimentos controlados, onde se utiliza um grupo experimental (grupo teste), aquele em que se promove uma alteração a ser testada, deixando todas as demais condições sem alteração, e um grupo controle, submetido às condições sem nenhuma alteração e que servirá de parâmetro para a análise dos resultados.
Trabalhos científicos devem ser escritos descrevendo fielmente procedimentos adotados e resultados obtidos, e apresentando discussões e conclusões fundamentadas.
Esses trabalhos devem ser publicados, propiciando ampla discussão na comunidade científica. Outros cientistas podem repetir os experimentos e verificar as hipóteses ou então, a partir das conclusões apresentadas, formular e testar outras hipóteses.
Se uma hipótese for confirmada a partir da evidência dos fatos, ela pode se tornar uma teoria, mas nunca uma verdade absoluta. Uma teoria pode ser mudada diante de novas descobertas. Uma teoria é um conjunto de conhecimentos mais amplos, que busca explicar fenômenos abrangentes da natureza, como é o caso da Teoria da Evolução criada por Charles Darwin.
É muito comum em ciência se falar em lei, que é a descrição da regularidade com que ocorrem as manifestações de uma classe de fenômenos. Um bom exemplo disso são as Leis de Mendel, formuladas a partir dos resultados provenientes da repetição de experimentos com ervilhas da espécie Pisum sativum.
Todo cientista, quando assume uma pesquisa, adota uma postura e segue uma conduta que caracteriza o método científico. Einstein comparou, certa vez, a conduta do cientista com a forma de proceder de um detetive. De fato, o cientista sempre segue os mesmos trâmites‚ que representam as etapas do método científico.
De uma forma geral, o método científico divide-se em várias etapas, facilitando o trabalho do pesquisador. São elas:
Observação de um determinado fato
Delimitação de um problema
Levantamento de hipóteses
Realização de experiências controladas
Análise dos resultados
Conclusões
Há três formas de se fazer ciência: métodos dedutivo, indutivo e hipotético-dedutivo.
Nas pesquisas científicas é comum se descobrirem “coisas” que não estavam ou não eram previstas nos resultados experimentais. A esses resultados ao acaso, dá-se o nome de Serendipty.
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A imprensa noticiou recentemente o diálogo entre duas pessoas preocupadas com o aquecimento global e com o destino da Terra। Uma expressou seu pessimismo dizendo que, se nenhuma providência enérgica fosse tomada imediatamente, o planeta acabaria। Tal previsão foi imediatamente contestada pela outra pessoa, para a qual o planeta continuaria a existir muito bem, mas certamente uma boa proporção dos seres vivos, entre eles a espécie humana, deixaria de existir! Independentemente de mudanças climáticas, o processo da evolução implica a extinção de espécies, o que ocorre a uma taxa relativamente constante. Acredita-se, por exemplo, que mais de 90% das espécies que viveram na Terra já estejam extintas. No entanto, não há dúvida de que uma alteração radical no ambiente, como a que se anuncia para as próximas décadas, produziria mudanças catastróficas e súbitas na biosfera. Haveria extinções em massa, semelhantes às ocorridas durante períodos de glaciação e de aquecimento do planeta, ou às que resultaram de colisões com asteróides gigantes, como parece ter ocorrido na península do Yucatán, no México. Esse evento é a base de uma das hipóteses para explicar a extinção dos dinossauros. Outra hipótese envolve vulcanismo intenso, concomitante com o choque do asteróide. Se de fato estivermos diante de uma catástrofe iminente, seria possível prever que espécies permanecerão na Terra? Definitivamente, sim। Embora tais palpites sempre sejam arriscados, em virtude da extensa rede de interações que se estabeleceu entre os seres vivos, pode-se arriscar uma ‘barbada’। Com quase toda certeza as arqueas, seres unicelulares em parte semelhantes às bactérias e em parte únicas, herdarão o planeta. Ou melhor, continuarão a existir aqui, como fazem há mais de 3,5 bilhões de anos, sem se importar com questões climáticas ou com as recentes ações deletérias dos humanos. Quem são esses seres especiais? São microrganismos que vivem em praticamente todos os ambientes terrestres e marinhos, na ausência de luz ou de oxigênio e por vezes sob altíssimas pressões e temperaturas. Entre as cerca de 90 espécies já catalogadas, descobriu-se que muitas arqueas conseguem viver em condições extremas, não toleradas por qualquer outro organismo. Ambientes de grande salinidade ou acidez, por exemplo, seriam considerados estéreis se não fosse a presença de arqueas halofílicas (que preferem sal ou ácido). Águas com temperatura próxima à do ponto de ebulição ou abaixo do ponto de congelamento são os ambientes prediletos de arqueas hipertermofílicas e psicrofílicas, respectivamente. Seus metabolismos estão perfeitamente ajustados a tais condições, o que reflete a grande plasticidade das proteínas que as compõem. As arqueas não param por aí. Com seus ‘superpoderes’, resistem ainda a enormes níveis de radioatividade, muito além dos que seriam letais para plantas e animais. A arquea Deinococcus radiodurans, por exemplo, é capaz, como o nome sugere, de regenerar seu DNA rapidamente após receber uma dose radioativa que reduz o genoma a pequenos fragmentos, e continua a viver e a se reproduzir como se nada tivesse acontecido. São conhecidos hoje tantos feitos das arqueas que é razoável admitir que elas poderiam colonizar ou ter colonizado qualquer planeta com condições similares às da Terra primitiva. O cenário marciano, por exemplo, parecido com o do deserto chileno de Atacama (o ambiente mais seco da Terra), poderia abrigar tais microrganismos em camadas do solo próximas à superfície, como ocorre em Atacama. Em breve saberemos. O conhecimento sobre as arqueas, porém, não deixa de ser reconfortante para o Homo sapiens। Podemos especular, sem muito medo de errar, que as arqueas foram as células que deram origem, na Terra, a todas as outras formas de vida. Diante de tamanha resistência, é certo também que, após a nossa extinção, as arqueas permanecerão neste planeta até que o Sol termine seu ciclo estelar, daqui a cerca de 5 bilhões de anos. Há, portanto, tempo suficiente para um novo ciclo de evolução, que teria, digamos, de 2 a 3 bilhões de anos. Se os caminhos evolutivos forem parecidos com os que conhecemos agora, talvez surja uma segunda versão humana. Quem sabe esta será mais ecológica?
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